sábado, 10 de setembro de 2011

Nos fazendo pedreiros

Como criaturas mais bem polidas e bem arquitetadas por Deus, nós, seres humanos, precisamos nos livrar daquilo que nos aprisiona.
Como seres dotados da razão, mas também do sentimento, à partir da busca pelo amor, poderíamos romper com aquilo que nos acorrenta: a ditadura da razão! Esta nos impulsiona ao dogmatismo, a recorrer só ao que parece possível; a razão quando levada ao pé da letra, imcrementa em nosso seio o ceticismo doentil, causando o detrimento da utopia, que, ao contrário, nos empurra ao que parece impossível; nos liberta e acima de tudo faz nascer o verbo acreditar; por conseguinte, esta última, move montanhas.
Por que não pensar em mudar o rumo natural das coisas, como fez Jesus ao saciar a fome daqueles que o escutavam, incitando o ato da repartição? Atitudes individuais culminaram no bem coletivo; e aqueles que sentiam fome, se empanzinaram, depois de feita a socialização!
Como seguir os passos de Cristo e ser moralista? A prática de Jesus ao reconhecer o amor que a samaritana possuía pelo 6º marido, es um ato moralista ou anti-moralista? Ué! Se todo amor decorre de Deus, porque ser moralista e condenar o amor que a samaritana possuía, não pelo 1º, nem 2º marido, mas pelo 6º?! Evidenciando, Jesus foi anti-moralista, respeitando o amor e os antigos amores da samaritana, além de conversar com uma marginalizada como qualquer outra pessoa, que aparentasse ser mais pura!
O porquê da dedicação exclusiva de um dia para Deus, se este Deus te deu todos os dias para ele? Logo, todos os dias são dias santos! O contato espiritual com Deus, nada vale sem o contato corporal com o próximo; pois só chegamos a ele a partir da relação com o próximo.
Um outro problema dos que, por algum motivo, desejam a purificação espiritual, extrapolando o racionalismo: o dogmatismo. Quando Jesus colhia espigas com seus discípulos, os “dogmáticos” fariseus, os recriminaram, pois colhiam num sábado, dia sagrado até então; mas Jesus , mostrara-se também anti-dogmático, retrucando. “O sábado foi feito para o homem; não o homem para o sábado”. Jesus também citara o exemplo de Davi, que, ao passar fome, roubara todos os pães da Santa Igreja; o que parece ainda mais pecaminoso! Estas aí a ratificação do anti-dogmatismo de Cristo, quando este dogmatismo implica nos aspectos fisiológicos do ser humano. Daí a afirmação, bem lembrada pelo meu amigo Douglas, que. “Uma ferida no corpo; es uma ferida na alma”.
Já os fariseus, almejavam a pureza espiritual, enquanto desprezavam a corporal e o mundo material, transformando-se em seres detestáveis e arrogantes, que só se interessavam pelo seu quinhão num mundo paralelo ao dos impuros. Curvavam os olhares aos oprimidos, aos leprosos, enfim, aos excluídos; além de não reconhecer a verdadeira pureza espírito-corporal, que decorria de Jesus de Nazaré – espírito corporal sim, ambos unidos, não separados, como pensavam os fariseus, e como ainda pensam os nossos neofariseus!
Com este texto, convoco todos a não curvar os olhares para este mundo, pois: “se um pobre sofre; é Deus quem sofre”; “se um homem é explorado; é Deus quem é explorado”; “quem corroe a natureza.; este corroe a Deus”; “aquele que fustiga um outro que abrilhanta o mundo; estaras fustigando também a Deus”. Mudemos nossa concepção do que é templo de Deus; o templo de Deus é algo muito complexo. O seu lar, onde tu descansas; es o templo de Deus. Num sindicato onde trabalhadores se unem para requerer direitos trabalhistas, logo direitos humanos; estará aí o templo de Deus. Numa marcha pela vida, por cobranças de direitos, logo por cobrança de emancipação humana; ali estas o templo de Deus. Os gritos ensandecidos pela terra, por trabalho e por comida, logo gritos pela manutenção da vida e pela dignidade; aí estaras o templo de Deus. Num beijo na amada; nas palavras edificantes; na atenção dada ao solitário; num sorriso ao desesperançado; nas mãos que se erguem para levantar o fadigado.. aí está o templo de Deus. Num pedido de desculpas; num conselho sincero; no abraço do pai pelo filho pródigo... ali está Deus, e ali estas seu templo.
Ingênuos os que pensam que o templo resume-se a quatro paredes. Levantem-se para quebrarmos estas paredes, vamos ser pedreiros, não no ato de contruir, mas no ato de desconstruir; como consequência, abriremos este templo para quem quiser entrar.
Nós critãos, não temos nada a perder, só a mordaça ortodoxa a derrubar; temos o mundo a ganhar e homens à libertar!
De Lexotan tranquilizante; para Red Bull estimulante!

Osnar Gomes dos Santos.


Texto inspirado no livro “Fidel e a religião”, do Frei Betto.
Dedico o texto aos meus amigos cristãos ou não cristãos, mas curiosos; em especial àquele que me concedeu redigir este borbulhento texto, para pôr em seu blog: Notlim Santiago!

2 comentários:

  1. cara, vc escreve mto bem
    e o quanto são belos os pés daqueles que anunciam a Palavra do Senhor
    mas humanamente falando é difícil largar aquilo que nos aprisiona simplesmente porque há o medo de ser feliz no amor de Cristo e não gozar das "delícias" que o mundo nos oferece.


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